CARTA ABERTA PARA O SERROTÃO.
Ontem mexendo numa papelada encontrei minha portaria de designação
para o Serrotão, e percebi que no começo de abril completará 3 anos que
me apresentei na unidade do Serrotão, sem contar que no fim de janeiro
completei 4 anos de SISPEN-PB. Nunca pensei que numa altura desta da
minha carreira iria passar por uma situação constrangedora desta que
estou passando, ser “devolvido”, junto com outros companheiros, sem
receber nenhuma explicação ou motivação plausível, mas isso poderia ser
até de se esperar, pois já é uma atitude reinteirada da atual direção do
Serrotão, porém o que me deixou mais triste, e agora deprimido, foi
uma ordem verbal que proibia de executar minha função pública, como se
estivesse trabalhando de favor para o presídio, ou até mesmo de entrar
no presídio, coisa que não é negada nem para os cachorros de rua. Quando
entrei há 4 anos vi cenas iguais a que estou passando, mas acreditava
que como um tempo quando os ASPs assumissem as direções tudo isso iria
acabar, e ainda não foi isso que aconteceu, restando só a esperança.
Como já relatei, até hoje não recebi nenhuma explicação para minha
remoção, a qual acredito ser arbitrária, porém boatos chegam até mim
sobre as supostas alegações para minha remoção, que esta até o momento
não se confirmou. A alegação que mais me preocupou foi que companheiros
de plantão, até mesmo, o coordenador teriam pedido a minha cabeça, e a
dos demais companheiro que também foram removidos, mas fiquei tranquilo
sobre isso, pois, além do carinho e apoio que recebi de todos eles, foi
feito uma abaixo assinado, promovido pela ASPEN, onde não só os ASPs do
meu plantão, e sim de todos, estão assinando em massa conta a injusta
atitude da direção do Serrotão. Quanto ao coordenado, ele afirmou que
nunca citou meu nome sobre tal assunto. A outra alegação é a que eu
descumpri uma ordem judicial, a qual nem fui convocado para executar, de
um casamento de apenados. Se isso fosse verdade hoje, eu, ou estaria
preso ou sofrendo um processo judicial ou, no mínimo, um sindicância. E
convoco, a quem for de direito, apurar este fato.
Quem já
trabalhou comigo, e olhe que não foram poucos, pois já são 4 anos e 3
presídios grandes (Padrão de Santa Rita, PB1 e Serrotão), sabe que sou
tranquilo e passo longe de ser operacional (apesar que hoje vejo que
poucos realmente são) mas não deixo de fazer meu trabalho e sou
respeitado como ASP por todos, pois conheço e respeito os direitos dos
companheiros, sem ter a pretensão de agradar a todos, mas felizmente,
acredito, que conquistei a maioria. Talvez meu defeito seja ser crítico,
e não deixar de me expressar pelo que acredito que está errado, porém
também sei elogiar o que está certo. Contudo não considero a crítica um
defeito de ninguém, nem uma qualidade, e sim uma necessidade para
democracia e melhora da humanidade. E por muitas vezes me pergunto se
foi errado essa edução crítica e política (e não politicagem) que meus
pais me deram, pois todo dia vejo que os complacentes e colaboradores da
injustiça se saírem bem melhor. Mas que seja! É assim mesmo, sendo
“chato” com as coisa que vejo de errado e injusto que sou feliz! Então
lembro do ensinamento de Aristóteles: a felicidade não consiste nos
prazeres, riquezas ou horarias e sim numa vida virtuosa, na ação
política.
Agradeço à todas as manifestações de carinho e apoio
dos companheiros, antigos, atuais e até dos que mal me conhece.
Agradeço também a ASPEN, em especial Cristovão Ribeiro que está nos
dando um apoio especial. Obrigado a todos!
Léo Alves Barbosa